O método científico

A ciência é uma forma de conhecer o mundo natural. Ela evoluiu a partir da nossa curiosidade sobre nós, outras formas de vida, nosso planeta e o universo. A palavra ciência deriva do verbo latino que significa “conhecer”. Tentar entender parece ser um dos nossos impulsos básicos.

Cientistas utilizam um processo de pesquisa que inclui fazer observações, formular explicações com alguma lógica (hipóteses) e testá-las. O processo é necessariamente repetitivo: ao se testar uma hipótese, uma maior quantidade de observações pode inspirar uma reconsideração da hipótese original ou formulação de uma nova hipótese, novamente a ser testada.

Fazendo observações

No decorrer do trabalho, cientistas descrevem estruturas e processos naturais com a maior precisão possível a partir da cuidadosa observação e análise de dados. Por observação, entende-se o agrupamento de informações, tanto pelo uso direto dos sentidos ou com a ajuda de ferramentas como microscópios, termômetros e balanças, que estendem os nossos sentidos.

Observações registradas são denominadas de dados. Em outras palavras, dados são itens de informação em que se baseia a pesquisa científica. O termo dados implica números para muitas pessoas. Mas alguns dados são qualitativos, em geral na forma de descrições registradas, em vez de medidas numéricas.

Jane Goodall coletando dados qualitativos sobre o comportamento do chimpanzé. Goodall registrou suas observações em cadernos de campo, em geral com desenhos sobre o comportamento dos animais.

Junto com esses dados qualitativos, Goodall também enriqueceu o campo do comportamento animal com volumosos dados quantitativos, como a frequência e duração de comportamentos específicos entre diferentes membros de um grupo de chimpanzés em diferentes situações.

A ciência da descoberta nos ajuda a chegar a conclusões importantes usando um tipo de raciocínio chamado indução. A indução acontece quando tiramos conclusões gerais a partir de várias observações. Por exemplo, ao observarmos muitas vezes que “o sol sempre nasce no leste” ou que “todos os seres vivos são formados por células”, estamos usando a indução para criar essas generalizações. As observações cuidadosas e a análise dos dados, junto com essas conclusões indutivas, são essenciais para entendermos melhor a natureza.

Formulando e testando hipóteses

Nossa curiosidade natural nos faz questionar o mundo ao nosso redor. Por exemplo, por que os chimpanzés que Jane Goodall observou agiam de maneiras diferentes em certas situações? Ou por que as raízes das plantas crescem para baixo quando germinam?

Na ciência, essas perguntas levam à criação e teste de explicações chamadas hipóteses. Uma hipótese é uma possível resposta para uma pergunta bem definida e pode ser testada por meio de observações ou experimentos.

Um experimento é um teste feito em condições controladas para verificar se uma hipótese está correta. No dia a dia, usamos hipóteses para resolver problemas. Por exemplo, se uma lanterna parar de funcionar durante um acampamento, podemos fazer uma pergunta: por que ela não liga?

Duas hipóteses possíveis seriam: (1) as pilhas estão gastas ou (2) a lâmpada queimou. Cada hipótese sugere um teste para descobrir a causa do problema, como trocar as pilhas ou substituir a lâmpada. Isso mostra como usamos o pensamento científico no nosso cotidiano.

Raciocínio dedutivo

A lógica chamada dedução é usada na ciência baseada em hipóteses. Ela é o contrário da indução. Enquanto a indução usa várias observações para chegar a uma conclusão geral, a dedução faz o caminho oposto: parte de uma ideia geral para prever algo específico.

No raciocínio dedutivo, começamos com uma regra ou princípio geral e, a partir disso, prevemos o que deve acontecer em uma situação específica, caso essa regra seja verdadeira. Na ciência, isso significa que, se uma hipótese estiver correta, podemos prever certos resultados em experimentos ou observações. Essas previsões podem então ser testadas para verificar se a hipótese faz sentido.

Para você compreender melhor:

Método indutivo

  • Observação: todos os cisnes observados até agora são brancos.
    • Conclusão: todos os cisnes são brancos (generalização baseada nas observações).

Método dedutivo

  • Premissa (regra) geral: todos os mamíferos têm pulmões.
  • Caso específico: baleias são mamíferos.
    • Conclusão: baleias têm pulmões.

Qual a diferença entre premissa e hipótese?

A premissa é uma ideia ou afirmação que a gente considera verdadeira no começo de um argumento. Ela serve como base para o raciocínio lógico, especialmente quando usamos o método dedutivo. Ou seja, é algo que já aceitamos como certo e, a partir disso, tiramos uma conclusão.

Já a hipótese é uma ideia inicial que ainda precisa ser testada ou comprovada. Ela é usada no método científico como ponto de partida para fazer experimentos ou investigar algo. A hipótese pode ser verdadeira ou falsa, e vamos saber se ela está certa ou errada a partir das evidências que encontramos.

A flexibilidade do processo científico

O exemplo da lanterna mostra como funciona o método científico, que é um processo ideal para fazer pesquisas. Embora a gente consiga ver esse processo na maioria dos artigos científicos, ele raramente é tão bem organizado. Às vezes, um cientista começa a planejar um experimento, mas percebe que precisa fazer mais observações antes de continuar.

Em outros casos, observações interessantes não geram perguntas claras até que outras pesquisas as conectem a outros contextos. Por exemplo, Darwin coletou espécimes de tentilhões nas ilhas Galápagos, mas foi só muitos anos depois, quando a ideia de seleção natural surgiu, que os biólogos começaram a entender melhor a história desses pássaros. A ciência é muito mais imprevisível e emocionante do que seguir um processo simples de cinco etapas.

Um modelo mais realista do processo científico mostra que a parte central, que é a formulação e o teste de hipóteses, é o ponto mais importante da ciência. Isso é o que faz a ciência ser tão confiável para explicar os fenômenos da natureza. No entanto, a ciência envolve muito mais do que apenas testar hipóteses.

Teoria na ciência

No dia a dia, usamos o termo “teoria” de forma diferente, muitas vezes para falar de uma ideia que ainda não foi comprovada, como em “É só uma teoria!”. Porém, na ciência, o significado de teoria é diferente. O que é uma teoria científica e como ela é diferente de uma hipótese ou simples suposição?

Primeiro, uma teoria científica é muito mais ampla do que uma hipótese. Por exemplo, uma hipótese seria: “A cor da pelagem que se mistura com o ambiente é uma adaptação que protege os camundongos dos predadores”. Mas uma teoria seria: “As adaptações evolutivas acontecem por seleção natural”. A teoria de seleção natural sugere que a seleção natural é o processo que explica todas as adaptações, e a cor da pelagem dos camundongos é apenas um exemplo.

Segundo, uma teoria pode gerar várias novas hipóteses que podem ser testadas. Por exemplo, dois cientistas da Universidade de Princeton, Peter e Rosemary Grant, usaram a teoria da seleção natural para testar uma hipótese específica: “Os bicos dos tentilhões das Ilhas Galápagos mudaram devido às mudanças no tipo de comida disponível”.

Por fim, uma teoria geralmente tem muito mais evidências que a apoiam do que qualquer hipótese. A teoria da seleção natural tem uma grande quantidade de provas que aumentam a cada dia, e nunca foi desmentida por dados científicos.

Outras teorias com forte apoio de evidências incluem a teoria da gravidade e a teoria de que a Terra gira em torno do sol. As teorias científicas amplamente aceitas, como a da seleção natural, explicam uma grande variedade de observações e são sustentadas por muitas evidências.